segunda-feira, 4 de maio de 2009

Histórico do MAC-PR, a biografia e algumas das obras do Portinari

Para que esta devida pesquisa seja feita de uma forma mais extensa possível, a única ferramenta no momento é a Internet, que tem um imenso número de resultados mais abrangentes, contendo a maioria das informações possíveis.

O MAC foi criado por decreto oficial de 11 de março de 1970, tendo como meta estabelecer o diálogo e estreitar os laços entre a sociedade e o seu patrimônio artístico, através de um programa de ação que privilegie o debate, o questionamento e a reflexão.

O museu foi oficialmente aberto ao público em março de 1971, em espaço provisório, na rua 24 de Maio. Em sua sede atual, encontra-se desde 27 de junho de 1974. O prédio, construído em 1928 para abrigar o Departamento de Saúde Pública, foi especialmente reformado para receber o museu. Em 1978 foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Paraná.

Seu primeiro diretor foi o artista plástico Fernando Velloso, então Chefe da Divisão de Planejamento e Promoções Culturais do Departamento de Cultura do Estado e membro da primeira diretoria da AMAB – Associação dos Museus de Arte do Brasil.

Em seu período inicial o MAC/PR recebeu grande influência da atuação de Walter Zanini, diretor do MAC/USP, que apresentava uma proposta de museu como espaço de discussão de tendências e de apoio às manifestações de artistas jovens. Velloso imprimiu um estilo de atuação em concordância com as tendências museológicas mais atualizadas.

Depois de Fernando Pernetta Velloso (1970-1983), o MAC/PR foi dirigido por Mariza Bertoli (1983-1984), Elizabeth Bastos Dias Titton (1984-1987), Adalice Maria de Araújo (1987-1988), Maria Cecília Araújo de Noronha (1988-1991 / 1995-1998), Nadyegge Boldrin de Almeida (1991-1992), Maria Amélia Junginger (1992-1994), João Henrique do Amaral (1998-2002), Vicente Jair Mendes (2003-2005), Eleonora Gutierrez (2005-2007) e Alfi Vivern (2007-2010).

A atuação do MAC/PR está tradicionalmente voltada para a educação. O Setor de Ação Educativa coordena projetos para o público visitante e mobiliza instituições e a comunidade para propostas de ação conjunta. O setor é também responsável pela organização de cursos, palestras, encontros, oficinas e outras atividades.

O Setor de Pesquisa e Documentação constitui-se, em termos de organização, quantidade e qualidade de dados, no espaço local mais adequado para a pesquisa em artes visuais.

O MAC faz a divulgação do seu acervo por meio de mostras temáticas periódicas. Realiza também diversos panoramas de arte, com exposições temporárias, individuais e coletivas.

O Salão Paranaense, evento tradicional instituído oficialmente em 1944, é promovido pelo MAC desde 1970, proporcionando uma importante revisão e reflexão sobre a arte brasileira contemporânea.


Título: Um Rei

Autor: Guima

Cidade: Taubaté – SP

Ano: 1976,

Guache e nanquim sobre papel,

Dimensão: 50 x 70 cm,

Participação 34º Salão Paranaense, 1977




Título: ...e então eles se esconderam

Autor: Cléverson Luiz Salvaro

Cidade: Curitiba – PR

Ano: 2001

Bonecos de plástico

Dimensões variáveis

Prêmio: 58º Salão Paranaense




Título: Mapa

Autora: Carla Vendrami

Cidade: Ponta Grossa – PR

Ano: 1962

Instalação: 12m²

Prêmio: 51º Salão Paranaense



‘Em “O Amor Pela Arte”, Bourdieu pondera que os museus abrigam tesouros que se encontram, ao mesmo tempo (e paradoxalmente), abertos a todos e interditados à maioria das pessoas. Indivíduos pertencentes a qualquer classe social e com distintos graus de escolaridarização freqüentam museus’ (p. 9), ou seja, qualquer pessoa tem acesso, mas não é a maioria que aprecia essa modalidade e que muitas vezes, não quer ir mais além ao observar os quadros, negando-se a deleitar as suas obras.

Ao ser criado, o MAC incorporou parte do acervo artístico do antigo Departamento de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura que reunia prêmios de aquisição do Salão Paranaense, aquisições por compra, doações de artistas e colecionadores. Outros eventos promovidos pela Secretaria de Estado da Cultura contribuiram para ampliar o acervo, como o Salão de Arte Religiosa Brasileira (1965-1975), o Salão de Artes Plásticas para Novos (1957-2002), a Mostra do Desenho Brasileiro (1979-2004) e o Projeto Faxinal das Artes, em 2002.

Atualmente o Museu detém cerca de 1500 obras dos mais representativos nomes das artes visuais do país, abrangendo pintura, desenho, gravura, escultura, fotografia, objeto, tapeçaria, colagem, instalação e vídeo.

Entre os artistas representados no acervo estão Tomás Abal, Lothar Charoux, Volpi, Amilcar de Castro, Regina Silveira, José Bechara, Antonio Peticov, José Rufino, Alex Flemming, Élida Tessler, Eliane Prolik, Luciano Mariussi, Marlon de Azambuja, Fábio Noronha, Maria Cheung, Luiz Carlos Brugnera, Rossana Guimarães, Letícia Marquez, Edilson Viriato. Também estão artistas que figuram na tradição histórica da Arte Paranaense, como Miguel Bakun, Theodoro De Bona, Guido Viaro, Helena Wong.

Quem se adentra ao museu, percebe que cada obra tem lá suas histórias para contar a todo aquele que a observa. A realidade lá dentro é bem diferente de tudo que estamos acostumados a olhar lá fora. Dentro dele o espectador viaja no mundo dos quadros e das esculturas e observa os detalhes mais atentamente, desenvolvendo-o ao senso crítico. Ex: Quando observamos que lá dentro tudo é lindo, fora dele há muitos conflitos. Além disso, faz também o espectador retroceder ao passado conhecendo um pouco da história do artista, porém ¹este exige que observemos mais para tirarmos nossas próprias conclusões, já que ele não dará em hipótese alguma “receitas” sobre a obra que fez, ou seja, dar detalhes. Apenas receptores com qualificação no assunto podem desvendar os mistérios da obra e a mensagem que ela está transmitindo. ²O que não pode acontecer em hipótese alguma, é que nenhum autor de suas obras queira encher demais seus quadros, nem tampouco, exceder os seus limites, caso contrário, o visitante se insatisfaz e vai embora logo cedo. Bourdieu, na página 71, relata exatamente sobre esses dois itens.

Eis aqui, as comparações que faço com este livro, e são as seguintes:

“¹O tempo dedicado pelo visitante à contemplação das obras apresentadas, ou seja, o tempo de que tem necessidade para “esgotar” as significações que lhe são propostas, constitui, sem dúvida, um bom indicador de sua aptidão em decifrar e saborear tais significações. → A obra de arte considerada enquanto bem simbólico não existe como tal a não ser para quem detenha os meios de apropriar-se dela, ou seja, de decifrá-la.”

“²Quando a mensagem excede as possibilidades de apreensão do espectador, este não apreende sua ‘intenção’ e desinteressa-se do que lhe parece ser uma confusão sem o menor sentido, ou um jogo de manchas de cores sem qualquer utilidade. Ou dito por outras palavras, colocado diante de uma mensagem rica demais para ele – ou como diz a tetoria da informação ‘acabrunhante’ (overwhelming) -, o visitante sente-se ‘asfixiado’ e abrevia a visita.


No MAC, não só há quadros para expor, mas também, diversas esculturas, como exemplo, o boneco e também, outra forma de expor, como o mapa projetado de ponta-cabeça na parede, já, no chão, as cores são invertidas, mas com blocos brancos apontando alguns locais do mundo inteiro. Acima de tudo, os artistas locais e de outros estados são valorizados pelo que fazem, e todo seu acervo é bem vindo, contendo desde obras antigas até as mais recentes. Há também premiações para os melhores colocados.


http://www.mac.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/6/b3179.jpg (Guima)

http://www.mac.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/6/bUntitled6.jpg (Cleverson Luiz Salvaro)

http://www.mac.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/6/bVendrami_CarlaMapa.jpg (Carla Malucelli Vendrami)

http://www.mac.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=18

Bourdieu, Pierre. O Amor Pela Arte: os museus de arte na Europa e seu público / Pierre Bourdieu, Alain Darbel; tradução Guilherme João de Freiras Teixeira. 2 ed. – São Paulo: Editora da USP; Porto Alegre: Zouk, 2007

E para acrescentar mais um pouco, Portinari tem um grandioso acervo aproximado de 5000 obras e mais de 30000 documentos publicados. Vale a pena conferir mais sobre ele, pois é um dos artistas renomados do nosso Brasil. Valorizemos um pouco o que é nosso!!!! ;)

Resumindo toda a sua biografia com o menor núnero de palavras possível, baseando-se no seu site exclusivo, Portinari nasceu no dia 30 de dezembro de 1903 numa fazenda de café. Filho de imigrantes italianos teve educação informal, já que ele veio de família humilde e desde criança, começou a descobrir desde cedo a dádiva de pintar.

Aos 15 anos, matriculou-se na escola de Belas-artes no RJ, a fim de aprimorar ainda mais as suas pinturas. Portinari em 1929, parte para Paris após conquistar o Prêmio De Viagem ao Estrangeiro em 1928, pelo academicismo de suas obras levado a sério.

Mais tarde, volta ao Brasil, com inspiração de pintar vários retratos do povo brasileiro. Em 1935, expõe nos Estados Unidos, na cidade de Pittsburgh, a tela Café, onde ele pretende em sua obra, retratar com orgulho a sua terra de origem no instituto Carneggie, mais uma vez ganhando a Menção Honrosa. Mais tarde, a Universidade de Chicago publica em inglês, para os norte-americanos daquela época as obras que Portinari fez. Eis o livro: Portinari, His life and Art, de Rockwell Kent, que trata exatamente disso.

Após expor várias obras nos EUA, Portinari volta ao brasil em 1943. Um ano mais tarde, Oscar Niemeyer o convida para realizar as obras de decoração do conjunto arquitetônico da Pampulha em Belo Horizonte, Minas Gerais, destacando-se na Igreja de São Francisco de Assis, o mural São Francisco (do altar) e a Via Sacra, além dos diversos painéis de azulejo. A escalada do nazi-fascismo e os horrores da guerra reforçam o caráter social e trágico de sua obra, levando-o à produção das séries Retirantes (1944) e Meninos de Brodósqui (1946), assim como à militância política, filiando-se ao Partido Comunista Brasileiro, sendo candidato a deputado em 1945, e a senador em 1947.

Portinari, mais uma vez, foi à França na galeria Charpentier para expor, sendo agraciado pelo governo francês, com legião de honra ao mérito. Após expor em Buenos Aires e em Montevidéu parte de seus quadros em 1947, autoexilou-se em Uruguai um ano depois, na capital de Montevidéu, para pintar o quadro A Primeira Missa no Brasil, por razões políticas, a fim de evitar equívocos. Mais tarde, pinta o quadro de Tiradentes, lutando pela independência no Brasil e mais tarde, sendo julgado e enforcado para que a sua cabeça sirva de exemplo a quem desobedecer Portugal. Ganhou medalha de ouro pelo Prêmio Internacional da Paz na Varsóvia, Polônia, por retratar a vida daquele homem, além de pintar mais um marco de nossa história, a Vinda da Família Real para o Brasil, anos mais tarde.

Em 1952, atendendo à encomenda do Banco da Bahia, realiza outro painel com temática histórica: A Chegada da Família Real Portuguesa à Bahia, e inicia os estudos para os painéis Guerra e Paz, oferecidos pelo governo brasileiro à nova sede da Organização das Nações Unidas. Concluídos em 1956, os painéis, medindo cerca de 14 x 10m cada 'os maiores pintados por Portinari' encontram-se no hall de entrada dos delegados do edifício-sede da ONU, em Nova York.

A partir de 1954, há indícios de que Portinari esteja sendo intoxicado pelo uso intenso das tintas, que pode levar à sua morte anos mais tarde. Ele pintou nesse ano, o painel Descobrimento do Brasil. Um ano depois recebe a Medalha de Ouro, concedida pelo International Fine Arts Council de Nova York, como o melhor pintor do ano.

Dois anos depois, Portinari Faz os desenhos da série Dom Quixote, aí então Israel o convida para expor, mais tarde recebendo o Premio Guggenheim do Brasil

Em 1959 expõe na Galeria Wildenstein de Nova York e em 1960 organiza importante exposição na Tchecoslováquia.

Em 1961 o pintor tem diversas recaídas da doença que o atacara em 1954 - a intoxicação pelas tintas -, entretanto, lança-se ao trabalho para preparar uma grande exposição, com cerca de 200 obras, a convite da Prefeitura de Milão.

Em 6 de fevereiro de 1962, Portinari morre intoxicado pelas tintas que consumia.

Eis aqui, alguns retratos que Portinari pintou:

Baile na Roça

1923-1924
Pintura a óleo/tela
97 x 134cm
Brodowski, SP
Assinada e datada na metade inferior à direita "C Portinari 924" e no verso do suporte "C. Portinari Brodowsky, 1923-24"

Coleção particular, Rio de Janeiro,RJ

. OBSERVAÇÕES:
Esta foi a primeira obra de temática brasileira executada por Portinari. Os personagens nela representados eram pessoas de Brodowski: o sanfoneiro chamava-se Marchesan; o preto, João Negrinho; o homem do cachimbo seria o pai do artista, e o modelo para os demais personagens, tanto femininos quanto masculinos, foi Maria Portinari Carvalho, irmã do artista. Em 1924, Portinari submeteu esta obra, juntamente com mais sete retratos, ao Conselho Superior de Belas Artes, para que figurasse na Exposição Geral daquele ano; o júri, no entanto, recusou o “Baile na Roça”, aceitando apenas os retratos. Imediatamente após o ocorrido, o então jovem artista, muito desgostoso, resolveu vendê-la. No entanto, foi profunda a marca nele deixada por esse episódio, o que se revela, seis anos mais tarde, quando Portinari escreve, de Paris, a Rosalita Mendes de Almeida, sua colega na Escola Nacional de Belas Artes / ENBA: “... Daqui fiquei vendo melhor a minha terra– fiquei vendo Brodowski como ela é [...] Quando comecei a pintar, senti que devia fazer a minha gente e cheguei a fazer o ‘Baile na Roça’. Depois desviaram-me e comecei a tatear e a pintar tudo de cor fiz um montão de retratos, mas eu nunca tinha vontade de trabalhar, e toda gente me chamava de preguiçoso eu não tinha vontade de pintar porque me botaram dentro duma sala cheia de tapetes com gente vestida à última moda. A paisagem onde a gente brincou a primeira vez e a gente com quem a gente conversou a primeira vez não sai mais da gente, e eu quando voltar vou ver se consigo fazer a minha terra” [CO 4545]. Portinari buscou durante toda a sua vida reaver esta obra, mas morreu com a tristeza de nunca tê-la encontrado. Dela guardava, no entanto, uma pequena fotografia que, ao ser divulgada pela imprensa, em 1980, resultou na sua localização pelo Projeto Portinari.


Liberdade

[1949]
Pintura a têmpera/gesso
56 x 53cm (aproximadas)
Rio de Janeiro, RJ
Sem assinatura e sem data

Coleção particular, Rio de Janeiro,RJ

. OBSERVAÇÕES:

Estudo para a pintura mural para o monumento a Rui Barbosa, projeto do arquiteto Oscar Niemeyer; não executada


88
2992

Abstrato

c.1951
Pintura a guache e grafite/papelão
13 x 42cm
Rio de Janeiro, RJ
Assinatura estampada no canto inferior direito "PORTINARI*". Sem data

Financiadora de Estudos e Projetos, Rio de Janeiro,RJ

. OBSERVAÇÕES:

Maquete para o painel de pastilha de vidro “Abstrato” [FCO 2631]

. TEMAS:
Não Figurativo

Note que, nesta última pintura, Portinari inspirou-se em Mondrian, utilizando linhas que se cruzam perpendicularmente, tanto na horizontal, quanto na vertical.

Concluindo a reflexão sobre Portinari, ele não pintou apenas retratos, sendo renomado várias vezes por isso. Mas também, retrata variados temas, como por exemplo, religiosas, desenhos, cultura brasileira, natureza morta, etc. Conseguiu o seu lugar ao sol percorrendo vários países, mostrando seu valor como pintor de várias categorias. Ao mesmo tempo em que admiramos suas obras, valorizamos ainda mais a nossa cultura e tudo o que ela tem a nos oferecer. Hoje ele é um dos pintores de renome do Brasil, apesar de ele vir de pais italianos, mas sem deixar de valorizar a nossa pátria.
O objetivo deste museu virtual não é apenas exaltar o que Portinari por si só, mas também ir mais além de suas obras, encantar-se, principalmente aprender um pouco mais sobre elas. As mesmas também têm muito a nos ensinar.



http://www.portinari.org.br/ppsite/ppacervo/temas.asp

http://www.portinari.org.br/ppsite/ppacervo/obrasCompl.asp?notacao=2305&ind=31&NomeRS=rsObras&Modo=C (Baile Na Roça)

http://www.portinari.org.br/ppsite/ppacervo/obrasCompl.asp?notacao=2275&ind=15&NomeRS=rsObras&Modo=C (Liberdade)

http://www.portinari.org.br/ppsite/ppacervo/obrasCompl.asp?notacao=88&ind=6&NomeRS=rsObras&Modo=C (Abstrato)

http://www.portinari.org.br/ppsite/ppacervo/s_biogra.htm (Biografia um pouco resumida, exceto alguns trechos do texto original)

2 comentários:

  1. Gostei de sua pesquisa. Voce tem razão, por que não valorizarmos o que é nosso , não só na arte , mas aprender a respeitar a diversidade, num país onde é inegável o caráter plural do povo brasileiro ?

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  2. Que bom que a gente pode conhecer melhor um pouco desses museus e artistas pela internet e debater à respeito deles, graças a trabalhos como este e dos colegas! parabéns para vocês e pelo debate que precisa se ampliar nesses comentários e posts, com novos exemplos e dicas para que todos possam melhorar seu repertório...

    até mais

    Andrea

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