domingo, 3 de maio de 2009

MUSEU EGÍPCIO DO CAIRO

O Museu Egípcio do Cairo é um dos mais fantásticos museus no mundo inteiro. É um grande edifício onde se exibem os tesouros da História egípcia antiga, dando-nos as evidências da maravilhosa capacidade mental e habilidade artística do Homem Egípcio antigo. A Expedição Francesa trouxe mais de 165 eruditos e cientistas em todas as especialidades para estudarem todos os aspectos da vida egípcia; a geografia, zoologia, geologia, história, religião, tradições, leis etc. Os monumentos egípcios antigos foram o maior campo de estudo e pesquisa para alguns desses historiadores e eruditos. Uns anos mais tarde, um episódio histórico normal, orientou a uma grande descoberta; o deciframento dos segredos da História Egípcia Antiga. O descobrimento de uma pedra preta conhecida como “A pedra de Rosetta” resultou, logo, no deciframento da Língua Egípcia Antiga, um acontecimento crucial na História da humanidade, e assim as escrituras gravadas nas paredes dos templos e os túmulos nos forneceram grandes dados sobre a história, civilização, religião e arte no antigo Egito. No século XIX começou a aparecer na Europa em geral e na França em particular uma nova ciência chamada de “Egiptologia” o que levou a um fervor entre os estudiosos de Europa. E, no entanto, historiadores, arqueólogos, aventureiros e migratórios e caçadores de tesouros vieram para o Egito encantados pela sua história e cultura, começaram a escavar em sítios diferentes do território, e obviamente uns deles careciam da honestidade científica necessária, por isso havia roubos de monumentos e objetos e por imediato surgiu um grande mercado de Antiguidades Egípcias na Europa, e simultaneamente havia naquela altura do século XIX um desconhecimento do valor verdadeiro dos monumentos do patrimônio por parte dos egípcios nativos. Nem o governo nem o povo sabiam o valor autêntico desses objetos achados e antiguidades maravilhosas. Por tanto havia uma tolerância acompanhada por ignorância. E como não havia controlo sobre este setor cultural as antiguidades e os objetos egípcios eram sujeitos ao roubo, tráfico, contrabando e, desleixo descuidado por quase 50 anos até os finais do reinado do governador Mohamad Ali (1805-1849), o pioneiro da modernização do Egito, que mandou conservar os monumentos e objetos descobertos num edifício dentro da cidade de Saladino no Cairo, proibindo o tráfico dos monumentos fora do país. Graças a Mariette Pacha (1821-1881) o percursor egiptólogo francês quem estabeleceu o Serviço das Antiguidades Egípcias pela primeira vez. Em 1857 Mariette fundou o primeiro museu verdadeiro no bairro de “Bulaq” no Cairo. Foi, de fato, um pequeno edifício que constava de quatro quartos em que se expuseram os objetos e antiguidades egípcias achadas. Logo, esse museu foi afetado pela cheia do rio Nilo, por isso os objetos foram transferidos a um anexo de um palácio real do governador egípcio Ismael na cidade de Guiza. O atual Museu Egípcio do Cairo foi um fruto de grandes esforços e boa vontade para conservar o patrimônio egípcio antigo. Anunciou-se um concurso internacional entre as empresas européias no final do século XIX para construir um museu, e ganhou o concurso uma empresa da Bélgica, por isso o desenho da fachada do museu, infelizmente, não é egípcia, mas foi decorado segundo o estilo Greco-romano. O desenho do museu foi realizado pelo arquiteto francês Marcel Dourgnon segundo o modelo neoclássico. Em 1897 as obras de construção começaram e terminaram em 1901, mas apenas a 15 de novembro de 1902 o museu foi inaugurado oficialmente durante o reinado do governador do Egito Abass Helmi (1892-1914).
O Museu Egípcio situa-se atualmente na praça do Tahrir (centro da cidade do Cairo) perto da margem oriental do rio Nilo (o corniche). É um edifício imenso de cor encarnada com um pátio externo vasto. O museu tem uma cafeteria e umas livrarias que vendem prendas, postais, slides, mapas, guias e livros de história e arte egípcia. No pátio do museu, em frente do portal interno há três bandeiras, a primeira é a Bandeira Nacional, a segunda representa o Ministério de Cultura, e a terceira pertence ao Supremo Conselho das Antiguidades Egípcias. Lá, na parte superior da fachada se inscreve duas datas, a primeira é 1897, que se refere à data do início das obras de construção, enquanto a segunda é 1901, indica o fim das obras, porém o museu foi inaugurado em 1902. Há também duas letras iniciais ao lado direito e ao lado esquerdo do nome do governador que reinava o Egito de 1892 a 1914, são as letras “A” e “H” que indicam sucessivamente o nome de Abbas Helmi. No centro da fachada encontra-se a cabeça da deusa importantíssima segundo as crenças egípcias antigas, a deusa Hathor que foi considerada uma das mais famosas e antigas deusas egípcias. Era a deusa quem amamentava o deus Hórus quando era bebê durante a ausência da sua mãe Isis segundo os acontecimentos da lenda de Osíris. Hathor era a deusa do amor, alegria, música e maternidade. Era figurada fundamentalmente em três formas; a primeira como uma vaca inteiramente, a segunda numa forma hibrida com corpo de mulher e cabeça de vaca, e a terceira forma é uma mulher, mas com dois chifres de vaca em cima da cabeça e o disco solar entre eles. Na fachada, encontra-se a cabeça de Hathor, esta representada com cara de mulher, dois chifres com o disco solar. Aos dois lados, à direita e à esquerda há uma representação da deusa celebre Isis, a esposa de Osíris, e mãe de Hórus. Isis foi uma das divindades fundamentais que desempenhou um grande papel na Teologia Egípcia Antiga. Isis foi a deusa da maternidade, fidelidade, e magia. Aqui Isis está figurada numa forma Greco-romana e não egípcia tradicional devido ao estilo da sua peruca e também o seu vestido com nó que é romano. Além disso, a fachada foi decorada segundo o estilo Greco-romano devido à existência de duas colunas iônicas, pois este tipo de colunas apenas apareceu na Época Greco-romana. Também se encontram nomes de reis egípcios antigos escritos dentro de medalhões. No jardim do museu, uns monumentos estão espalhados aqui e ali, a maioria deles data do período do Novo Reino ( 1570-1080 a. C aprox.). Ao oeste extremo do pátio encontra-se um cenotáfio, ou um túmulo simbólico construído em homenagem da memória da figura celébre o egiptólogo francês Mariette Pasha, que nasceu em 1821 e faleceu em 1881. É, de fato, um cenotáfio de mármore, comemorando esta figura celebre quem lhe surgiu à idéia da função do museu que abriga e exibe os objetos achados. Ele desejou estar sepultado neste lugar, mesmo parecendo que o cenotáfio seja apenas simbólico. O cenotáfio está rodeado de bustos de uns egiptólogos famosos como Champollião, Mariette, Selim Hassan, Labibi Habashi, Kamal Selim etc. No centro do pátio encontra-se uma fonte cheia de duas espécies de plantas; o Papiro e o lótus. O papiro era o símbolo do Baixo - Egito (O norte), enquanto o lótus era o símbolo do Alto - Egito (O sul). O papiro encontra-se nos pântanos da região do Delta no norte do Egito. É uma planta que precisa de grande quantidade de água e mede quase 2 m. de altura. No Egito Antigo os papiros eram usados para fazer papel para escrever, sandálias, e barcas etc. Enquanto o lótus se encontrava no sul do país, e havia duas espécies; o lótus azul e o lótus branco durante a Época Egípcia Antiga. Sabemos também que os romanos introduziram uma terceira espécie da Ásia. A flor de Lótus foi o símbolo da ressurreição, e além do papiro, o Lótus deu inspiração aos arquitetos antigos para decorar as colunas e capitéis.

Na realidade, o Museu Egípcio do Cairo é um dos mais enormes museus em todo o mundo em termos de quantidade de objetos expostos e aqueles que ainda estão depositados, pois - de acordo com uma estimativa, o museu possui cerca de 120.000 objetos expostos, enquanto há mais de 100.000 objetos conservados nos armazéns. A exibição dos objetos é organizada em dois andares segundo uma ordem cronológica, correspondendo com a direção do relógio, iniciando-se a partir do Período Pré-dinástico, logo, a Época Arcaica, passando pelo Antigo Reino, o Médio Reino, o Novo Reino, o Período Tardio e termina pelo início da Época Grega no Egito. O segundo andar é dedicado, fundamentalmente, para exibir a coleção de Tutankhamón, os objetos do túmulo do casal Yoya e Tuya e a Sala das Múmias. Aos dois lados diante da entrada do museu há duas esfinges que dão ao visitante uma impressão especial como se estiver entrando um templo egípcio.

OBJETOS DO MUSEU:
Sobre os objetos que chamaram mais minha atenção no museu Egípcio de Cairo estão os Objetos da Coleção de Tutankhamón. O túmulo de Tutankhamon foi descoberto no Vale dos Reis por Howard Carter em 1922. O jovem rei morrera aos dezoitos anos de idade e o magnífico mobiliário do túmulo nos diz que provavelmente todos os túmulos de faraós eram igualmente mobiliados. Felizmente os ladrões de túmulos não tiveram êxito com este do jovem faraó. A Dinastia, e seu sarcófago permaneceram em segurança por mais de três mil anos.


O túmulo estava muito bem fechado na rocha. No centro da câmara mortuária havia quatro santuários ricamente decorados, um dentro do outro. No seu interior havia um enorme sarcófago de quartzita amarela com uma tampa de granito róseo. Deusas guardiãs primorosamente esculpidas postavam-se nos quatro ângulos. Dentro do sarcófago de pedra, que estava coberto de inscrições religiosas, havia diversos ataúdes folheados a ouro. Dentro do terceiro, que era de ouro, estava a múmia de Tutankhamon. Sobre o ataúde havia uma coroa de flores que ainda conservava todo seu colorido. E mais, jóias fantásticas, estátuas, peitorais e amuletos de ouro, contas, espelhos de prata, anéis e colares com pingentes de ouro na forma de flores de lótus.
Entre os muitos móveis luxuosos havia camas, cadeiras, bancos, mesas retiradas do palácio, o maravilhoso trono de ouro de Tutankhamon, vasos de alabastro, cetros, arcos e flechas, leques de plumas de avestruz, um painel que era o retrato do jovem rei e sua rainha com o símbolo de Aton e uma taça e uma lâmpada a óleo, de alabastro. As paredes e os tetos do túmulo eram revestidos de cenas religiosas, pinturas representativas de alguns dos deuses, sendo a mais extraordinária a de Osíris.
As coloridas inscrições apresentam grande beleza. Um elegante barco de alabastro repousava no túmulo, ostentando suas cabeças de íbis na proa e na popa. À meia-nau havia um quiosque delicadamente esculpido, cuja cúpula era sustentada por quatro colunas. O conteúdo do túmulo revela a mestria artística egípcia no seu apogeu. Cada objeto real é uma obra-prima de magnífico acabamento. Os artefatos encontrados nesse túmulo deveriam ser motivo de assunto sobre arte.
Um desses objetos fantásticos é o trono de ouro de Tutankhamón. É a cadeira mais maravilhosa entre seis cadeiras fabulosas encontradas no túmulo do rei Tutankhamon no Vale dos Reis em Luxor. Foi achada na sala conhecida como a antecâmara do túmulo do rei. É de madeira revestida de lâminas de ouro, e ornamentada com pedras preciosas e semipreciosas juntamente com pedaços de vidro policromados. Os braços do trono tomam a forma de duas serpentes que levam a coroa dupla protegendo os cartuchos do rei. As patas frontais do trono têm forma de duas cabeças de leão como um sinal de poder e proteção, provavelmente estas duas partes fossem feitas separadas e logo foram compostas ao corpo do trono. Entre as patas do trono havia o sinal de Sama-Taway, ou seja, o sinal da unificação das duas partes do Egipto pela união do papiro e o lótus, mas infelizmente está quebrado atualmente. A cena principal do trono mostra um friso de cobras, e por cima, no centro, o deus Atón está representado pelo disco solar, estendendo os raios que terminam por mãos, dando o sinal da vida Ankh ao rei e ao casal real. Tutankhamón está sentado comodamente num trono com coxins, está representado com uma peruca azul feita de vidro, rodeada da cobra que protege a frente do rei. Sobre a peruca encontra-se uma coroa composta.


O rei veste uma saia prateada com um cinto central enquanto os seus pés estão pisando sobre um pedestal decorado de figuras núbias e asiáticas. Em frente do rei a rainha está figurada de pé tocando com uma mão o ombro do rei como um sinal de ternura e amor ou está untando o ombro do esposo com ungüento perfumado. E coma outra mão está a assegurar uma jarra pequena de ungüento. A rainha Ankhesenpa está representada com uma peruca comprida feita de vidro azul, a sua frente está protegida pela cobra sagrada, levando um diadema decorado de cobras e rodeado do disco solar com duas plumas altas e dois chifres. Ela leva um vestido, recoberto de prata e pedras semipreciosas. É curioso que o casal real está representado calçado de um só par de sandálias, provavelmente era um sinal de união entre os dois, mas também pode ser que havia dois pares de sandálias, mas as sandálias exteriores foram partidas por uma razão ou outra. O pedestal localizado em frente do trono é de madeira gessada e dourada, e incrustada de faiança e pedras azuis. O pedestal está ornamentado com o sinal de Neb e rekhyt. Também há uma representação dos inimigos tradicionais do rei do Egito naquela época; os asiáticos e os núbios, isto significa que os inimigos do Egito estavam submissos ao poder do rei. Nas costas do trono encontram-se quatro cobras com o disco solar como um sinal de proteção. Existem também três colunas de inscrição em Hieróglifos, duas dedicadas ao rei e uma dedicada à rainha que indicam os seus nomes e títulos reais.

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