terça-feira, 18 de agosto de 2009

Grafiteiros a serviço de DEUS




Grupo de jovens transforma letras de hip hop e a arte do grafite como armas para disseminar mensagens religiosas a diferentes públicos nos mais diferentes lugares
Publicado em: 16/08/2009 00:00 em http://www.jmnews.com.br/index.php?setor=NOTICIAS&nid=399163
Diego Antonelli
Um grupo de jovens se reúne semanalmente para ouvir hip hop e produzir grafites pelos muros afora. Não usam drogas e nem precisam de bebidas alcoólicas. Para algumas pessoas, eles seriam sacrilégios contra os bens públicos e privados. No entanto, neste caso a história é diferente. O grupo tem um motivo. Uma razão para explicitar seus pensamentos. Fazem do spray uma 'arma' para difundir por Ponta Grossa palavras bíblicas. Eles tornam público o amor a Deus sem sentir vergonha. Explicitam a fé através da cultura. E ainda usam as devidas artimanhas para que mais jovens se interessem pela religião. Independente qual seja a crença.
"Nós fazemos grafites com temáticas religiosas no intuito de levar para toda população mensagens boas, que tragam paz. Não fazemos exclusivamente para as pessoas da igreja que frequentamos. É para todos, sejam católicos, budistas, espíritas...", afirma o líder do Ministério de Fé 'É chegado o Reino dos Céus', Thiago Blakleitz.
O grupo existe há dois anos. Além do grafite, produzem letras de hip hop em nome de Deus. Já gravaram um CD chamado de 'Profecias Rimadas'. Não contentes em apenas cantar, eles decidiram grafitar, preferencialmente, em locais mais movimentados, trechos da bíblia, imagens religiosas e frases que remetem à fé.
"Se a gente for ver bem, o único caminho é Deus. Sem ele, muitas pessoas acabam fazendo coisas erradas", conta Thiago. Ele que já foi usuário de crack, cola e maconha dos 14 aos 19 anos, optou por ingressar na Igreja Cristã Presbiteriana e dar um novo rumo a sua vida.
"Percebi que a vida que levava não era boa. Fiquei um ano tentando largar por conta própria. Para mim, clínica não resolvia. Ia a acampamentos com os amigos e tomava pinga, fumava, usava droga. Decidi largar essa droga de vida e o único caminho que me fez libertar foi Jesus Cristo", relata o jovem de 22 anos.
Depois que se converteu em 2006, ele conta que sua vida mudou. "Consegui assim meu primeiro emprego registrado", diz. Outro integrante do grupo, Carlos Leandro de Freitas, conta que mexe com grafite há oito anos. Ele conta que antes de qualquer manifestação em muros, eles pedem autorização para o proprietário da residência ou produzem a arte em muros de terrenos abandonados.
"Mas eu comecei mais com pichação mesmo. Até que entrei no grupo da Igreja e vi que poderia fazer alguma coisa diferente, que pudesse acrescentar algo de bom para a população. É isso que nós procuramos fazer, levar mensagens de fé para a população", conta. Os grafiteiros de 'Deus', como eles mesmos dizem, decidiram dar novos trajetos para suas vidas, fazendo da religião momentos de diversão.
A força dos jovens
Através do hip hop e do grafite, o grupo da Igreja Cristã Presbiteriana tentam trazer um maior número de jovens para a religião. Muitos adolescentes são fanáticos pelas duas artes e buscam aprender mais sobre as culturas de rua. Com o renome que eles já conquistaram - produzindo o segundo disco - e disseminando grafites de alta qualidade pela cidade, muitos outros jovens procuram Thiago e Leandro para aprender sobre as artes.
Dessa forma, novos jovens - alguns já contaminados por vícios e famílias desestabilizadas - começam a andar com os novos fieis. "E assim vão gostando da fé e se aproximando de Deus", conta Thiago.
O pastor da Igreja, Rodrigo Labiak, confirma que o número de jovens na igreja tem crescido. "Não temos como precisar em números, mas a arte deles ajuda a disseminar a fé", afirma o pastor.
Thiago explica que são quatro os elementos que compõem o grupo de fé: o DJ, o rapper, o dançarino (b-boy) e o grafite. "Usamos todos esses artifícios para trazermos pessoas que possam estar em um outro 'mundo' para trabalharmos com a fé dessas pessoas", diz.
A meta deles é usar uma linguagem simples com desenhos bem trabalhos, que atinjam o público alvo e faça esse público participar de uma nova vida, que tem como protagonista a figura divina. Hoje são mais de 30 grafites religiosos produzidos em Ponta Grossa e mais alguns em Carambeí e Guarapuava.
Eles contam que uma das formas usadas para tentar levar o recado religioso a essas pessoas, o grafite é feito também em locais que usualmente são usados para consumo de drogas. "Assim a pessoa que está fumando um baseado vê a figura de Deus. Isso de alguma forte mexe com a fé da pessoa", afirma Leandro.
A luta contra o preconceito
Mesmo produzindo mensagens que tem como principal objetivo estimular a fé e levar a figura de Deus para diferentes locais, o preconceito é algo que atrapalha a procissão divina do Ministério 'É chegado o Reino dos Céus'. Em uma noite de domingo, enquanto grafitavam a Polícia Militar deu 'geral' neles. Explicaram o objetivo, o motivo que os leva a produzirem a arte. "Demorou, mas acabaram nos liberando. Tivemos até que explicar as diferenças entre pichação e grafite", fala Leandro.
Outro problema são as alterações que seus desenhos sofrem. São crianças que passam corretivo, pessoas que passam tinta por cima da arte. "Acho que ainda não são todos que entendem nosso trabalho, mas não vamos parar", assegura.
O que a Igreja acha
A posição da Igreja Presbiteriana Cristã sobre a 'arte divina' praticada pelo grupo não poderia ser das melhores. Para eles, são pessoas que aceitam dedicar boa parte da vida para difundir as palavras de Deus à população princesina.
Aliar cultura de rua e fé poderia ser um paradoxo. Já que é na rua que os principais pecados divinos podem ser encontrados com maior facilidade. Drogas e prostituição podem estar a cada esquina, a cada rua. Mas é essa arte que pode fazer com que outras pessoas abandonem uma vida desvirtuada e praticamente perdida à beira do asfalto.
Por essa razão é que o grupo dos jovens religiosos faz shows de hip hop com letras divinas em eventos pela cidade, grafitam em espaços públicos e privados palavras que tem um só objetivo: levar paz e motivação.
O pastor Rodrigo Labiak acredita que é justamente essa a mensagem que Deus quer que seja dada. "Deus e fé são isso: entusiasmo. Não são mensagens ruins, que mostram tristeza. Tem que trazer alegria. E é isso que eles fazem, levam a todos palavras de ânimo", afirma Rodrigo.
O grafiteiro Leandro não esconde que é exatamente essa a razão pela qual trabalham voluntariamente por Deus. "Queremos sempre, seja na música ou no grafite, levar um pouco do que sabemos sobre religião para os demais", diz.
Na visão do Pastor Rodrigo, a energia da juventude é um ótimo exemplo. "Ainda mais que é um trabalho de qualidade, que prega pela produção cultural de qualidade, com um propósito especial", define.




Tremendo....... viu como podemos usar a arte a serviço de Deus, honrando e glorificando seu nome.... isso sim é uma arte bela e verdadeira...

Fonte: http://www.jmnews.com.br/index.php?setor=NOTICIAS&nid=399163

Foto: Hugo Harada