quinta-feira, 30 de abril de 2009

Museu Paulista


O Museu Paulista é um dos cartões postais de São Paulo. Bem bonito, né? Ele tenta imitar os modelos dos museus mais famosos dos países europeus e outros países desenvolvidos do mundo ocidental. (por Andrea)

Essa é a biblioteca do Museu! Adoraria estudar neste lugar tão "aristocrático"... E vocês? (by Andrea)



O Museu Paulista da Universidade de São Paulo, localiza-se no Parque da Independência, no Ipiranga, na cidade de São Paulo. O edifício tem 123m de comprimento e 16 de profundidade com uma profusão de elementos decorativos e ornamentais. É mais conhecido como Museu do Ipiranga, por ter sido uma proposta de monumento à Independência do Brasil, no próprio local onde ela havia sido proclamada, as margens do riacho Ipiranga.
É especializado no estudo dos aspectos materiais da organização da sociedade brasileira. Segue três linhas básicas de pesquisa: O Cotidiano e Sociedade, Universo do Trabalho e História do Imaginário. O estilo arquitetônico é o eclético, que estava em curso na Europa, a partir do séc.XIX.
Projetado por Tommaso Bezzi (engenheiro e arquiteto), que utilizou de forma simplificada o modelo do palácio renascentista; os jardins e chafariz inspirados nas concepções dos jardins barrocos franceses como os do Palácio de Versalhes. Conta com um acervo de 125 mil unidades, entre objetos, iconografia e documentação. Estão expostos roupas, mobílias, decoração da época. Ânforas de vidro que adornam a escadaria central, a qual representa o rio Tiete, que contém as águas dos rios que banham um ou mais rios do Brasil. E também exposição de louças, jóias, armas, peças religiosas e automóveis.
O acervo de pintura compõe-se de obras a óleo, aquarela, guache e mural. Algumas esculturas integram a alegoria do edifício, como as estátuas em mármores dos bandeirantes Antonio Raposo Tavares e Fernão Dias Paes, de Luigi Brizzolara, no saguão; a estátua em bronze de D.PedroI, de autoria de Rodolfo Bernardelli (nicho central da escadaria).
O conjunto reúne ainda estatuetas que decoravam as casas da aristocracia e burguesia brasileiras dos séc. XIX e XX. Destaca-se ainda a coleção Santos Dumont, com originais que registram as experiências aeronáuticas do inventor.
O Museu recebe um público diversificado. É frequentado durante o ano todo por estudantes, com excursões escolares, seguindo rigorosamente o agendamentoe regras pré estabelecidas, também por turistas de outros estados e estrangeiros em férias.
No dia sete de Setembro de 2008, 15 mil pessoas visitaram o Ipiranga. É uma data especial para os paulistanos, que vão ao museu para passear com a família, onde as crianças brincam de skate e bicicleta. Várias pessoas foram abordadas para falarem sobre a impressão e interpretação que tiveram do museu. Muitas pensavam que "ele" foi a casa de D.PedroI, outras imaginavam que a independência aconteceu exatamente como no imenso quadro de Pedro Américo, exposto num local de destaque (o qual foi pintado em 1888). Uma aposentada disse que o salão era grande devido as roupas que as mulheres usavam na época, pois eram muito volumosas e ocupavam muito espaço. E que ali aconteceram muitos bailes.
Segundo pesquisadores, apenas sete pessoas presenciaram D.Pedro libertar o Brasil de Portugal e que o cavaleiro, não estava lá, por que é um auto-retrato de Pedro Américo que deliberadamente se incluiu num evento histórico. Isso demonstra que muitos não possuem um conhecimento prévio da história ou referências ligadas ao assunto, fator preponderante para Bourdieu para se apreciar uma obra de arte, ou um outro objeto. E ainda,demonstra, como diz Bourdieu que os museus abrigam tesouros que se encontram abertos a todos e interditados a maioria das pessoas.


O Museu Paulista oferece visitas monitoradas ao público especial. O CAPS, (centro de orientação psicossocial ) organiza grupos de homens e mulheres com idade entre 20 e 70 anos; com o propósito de garantir atenção direcionada as necessidades de pessoas com deficiência intelectual, física, visual, auditiva e outras. O grupo é preparado préviamente, auxiliado por psicólogos e terapeutas por um período, para que possam absorver, interpretar e avaliar o que lhes será apresentado.
Embora o Museu Paulista, tenha característica conservadora, está inovando, dando um grande passo, frente as diferenças e diversidades . Fazendo um contraposto a que se refere Bourdieu ao controle de um estrato social sobre outro, como violência simbólica (neste caso o preconceito) legitimadora da dominação.
O Museu Paulista ainda conta com o Serviço de Atividades Educativas (SAE). Foi criado em 2001 e de acordo com a supervisora, Denise Peixoto, as ações abrangem desde as próprias pesquisas de público até a produção de materiais pedagógicos e de apóio à mediação. Há vários programas disponíveis. Possui um acervo educativo de acesso à arte. Chama a atenção o equipamento para portadores de deficiência visual. São telas táteis, textos em braile e recursos multimídia, com narração descrevendo as pinturas.
Foi feito um estudo de público, com o objetivo de conhecer melhor o perfil, as expectativas e as necessidades do visitante. Essas pesquisas constataram a ausência de alguns segmentos da população na frequência à Instituição. A partir deles, pessoas com deficiência mental, auditiva, com transtornos comportamentais, dependentes químicos e idosos com dificuldades físicas se tornaram públicos potenciais a reconhecer o museu como espaço de memória coletiva. Os dados coletados revelaram ainda, que a maioria do público que visitam o museu tem o ensino médio completo, cursa ou já cursou o ensino superior; 38,57% declararam renda individual superior a cinco salários mínimos e familiar acima de dez. fica provado o pensamento de Bourdieu, que os indivíduos se posicionam nos campos de acordo com o capital acumulado, que pode ser social e cultural na forma de conhecimentos apreendidos. E de conformidade com a pesquisa do sociólogo, a frequência aos museus aumenta a medida que se eleva o nível de instrução.
Mas , apesar de todo o esforço dos que dirigem o Museu Paulista, na busca de um público universal, não conseguiram ainda se desvencilhar das amarras do conservadorismo, pois o mesmo foi estruturado por um porta-voz da elite para a elite paulista, para moldar uma identidade nacional, identificando uma trajetória histórica na formação da nação como a única possível e ocultando todas as outras vozes.
Faço aqui, uma correlação com o texto de Bourdieu, onde ele diz que na formação do habitus, a produção simbólica recria as desigualdades de modo indireto, como uma dominação suave ou revelação dos fundamentos ocultos a dominação.

Fonte

Site do Museu Paulistano

USP - São Paulo

Glezer Raquel ( Anais do Museu Paulista )
São Paulo

Referências

Alfano, Ana Paula ( isto é Gente, 2008-01-11 )

2 comentários:

  1. Lu! Pus umas duas imagens ali no seu post, com comentários, para você e os nossos amigos verem como fica bacana... e também como as imagens são documentos que podem ser analisados e propor questões nas legendas que escrevemos! O que você achou? Gostou da idéia? Espero que sim... Assim podemos colocar mais imagens!
    bjs

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  2. OlÁ amiga Luzitaaa...
    Um dos museus que pesquisei também foi o Ipiranga...
    O seu trabalho complementa o meu e vice-versa, vamos trocando informações!
    Da uma olhadinha na minha postagem!
    beijoss...

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